Projeto de Monitoria
Fontes para o Ensino de História Medieval
Universidade de Pernambuco/campus Petrolina
Esta é a página do Projeto de Monitoria Fontes para o Ensino de História Medieval um projeto que pretende ter uma periodicidade anual com a produção de pequenos verbetes voltados para temáticas abordadas nas disciplinas História Medieval I e História Medieval II ministradas no campus da Universidade de Pernambuco/campus Petrolina.
Bibliothèque de Sorbonne, ms. 0031
No primeiro ano do projeto em 2017 - aprovado como projeto recomendado pelo Programa de Fortalecimento Acadêmico (PFA) no edital PFA/PROGRAD 003/2016 - Monitoria - realizamos a elaboração de treze (13) verbetes os quais estão disponíveis online. Tais verbetes foram elaborados pelos monitores participantes do projeto, através de pesquisa voltadas para um material bibliográfico, e a elaboração foi supervisionada pelo coordenador do projeto, Prof. Dr. Luciano José Vianna.
Durante a duração do projeto, o conteúdo da página será atualizado constantemente com a inclusão de um pequeno verbete voltado para a apresentação/explicação da tipologia de fontes primárias (textuais, iconográficas, etc...) medievais, destacando seus aspectos e particularidades a partir da perspectiva medieval e as possíveis formas que as mesmas podem ser abordadas no Ensino de História. O objetivo da página que é a mesma possa ser utilizada tanto por professores e alunos que tenham interesse no Medievo, assim como uma ferramenta a mais para o Ensino de História em sala de aula. Neste sentido, a proposta deste projeto é reunir e fornecer materiais online sobre o Medievo de forma que os mesmos possam ser utilizados em sala de aula, acessíveis tanto a discentes como a docentes.
Uma das motivações para a elaboração desta página é a própria ideia de Medievo que ainda é ensinada e que muitas das vezes não apresenta uma aproximação entre o âmbito universitário e o escolar. A própria abordagem do período ainda é, muitas das vezes, equívoca, como podemos ver nas palavras de Jérôme Baschet:
A Idade Média tem má reputação. Talvez, mais do que qualquer outro período histórico: mil anos de história da Europa Ocidental, entre os séculos V e XV, entregues às ideias preconcebidas e a um menosprezo inextirpável, cuja função é, sem dúvida, permitir que as épocas ulteriores forjem a convicção de sua própria modernidade e de sua capacidade em encarnar os valores da civilização. A obstinação dos historiadores em desafiar os lugares-comuns não fez nada contra isso, ou muito pouco. A opinião comum continua sendo associar a Idade Média às ideias de barbárie, de obscurantismo e de intolerância, de regressão econômica e de desorganização política. Os usos jornalísticos e da mídia confirmam este movimento, fazendo apelo regularmente aos epítetos “medieval”, ou mesmo “medievalesco”, quando se trata de qualificar uma crise política, um declínio dos valores ou um retorno do integralismo político.[1]
As palavras de Jérôme Baschet levam-nos a refletir sobre o ensino de História Medieval em sala de aula e como este período da história mundial é compreendido entre o público em geral. Tais declarações confirmam que muitas vezes o conteúdo ministrado não é discutido e problematizado de forma adequada em sala de aula, de forma que o discente, em seu processo de formação como professor de História, não se torna consciente da reflexão histórica que deve realizar ao abordar, estudar e ensinar conteúdos oriundos deste período histórico.
Ademais, as palavras destacadas indicam um problema que está vinculado a uma série de informações presente não somente no âmbito acadêmico, mas também na prática do Ensino de História na sala de aula. Em termos de Ensino de História, muitas vezes desconsidera-se todas as influências das produções literárias e artísticas que encontramos nos séculos XV, XIV, XIII, XII, etc... na Europa medieval, assim como diversos outros aspectos que apresentam vínculos com a história brasileira (e também da América) no século XVI, como por exemplo a produção historiográfica medieval com seus diversos gêneros históricos, o ressurgimento das cidades a partir do século XII, o surgimento das universidades, o desenvolvimento comercial em termos de Europa ocidental desde o século XII, entre outros.
Nesta introdução ainda são necessárias algumas palavras sobre o estudo do Medievo, esta época temporalmente tão distante mas ao mesmo tempo tão presente em nossa atualidade. O estudo da História não é uma tarefa utilitarista, de forma que a função do seu estudo neste projeto está muito mais voltada para o desenvolvimento do conhecimento aprofundado sobre o Medievo em suas diversas manifestações artísticas, literárias, arquitetônicas, etc... de forma que o estudo deste período é um estudo legítimo. Estudar a diversidade de um período, mesmo distante do contexto atual, é uma tarefa legítima, e que pode ser muito bem desenvolvida pelos historiadores. Sobre esta perspectiva as palavras de Hilário Franco Júnior são exemplares:
Estudar História – de qualquer época e de qualquer local – não deve ser tarefa utilitarista, não deve “servir” para alguma coisa específica. A função de seu estudo é mais ampla e importante; é desenvolver o espírito crítico, é exercitar a cidadania. Ninguém pode atingir plenamente a maturidade sem conhecer a própria história, e isso inclui, como não poderia deixar de ser, as fases mais recuadas do nosso passado. Assim, estudar História Medieval é tão legítimo quanto optar por qualquer outro período. Mas não se deve, é claro, desprezar pedagogicamente a relação existente entre a realidade estudada e a realidade do estudante. Neste sentido, pode ser estimulante mostrar que, mesmo no Brasil, a Idade Média, de certa forma, continua viva. [2]
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[1] BASCHET, Jérôme. A civilização feudal. Do ano mil à colonização da América. São Paulo: Globo, 2006, p. 23.
[2] FRANCO JÚNIOR, Hilário. Somos todos da Idade Média. Reflexões de História. Disponível em: https://reflexoesdehistoria.wordpress.com/2011/01/31/somos-todos-da-idade-media-por-hilario-franco-junior/. Acesso em 30 de maio de 2017.