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LIVROS MANUSCRITOS

No Medievo, o acesso à leitura estava restrito a determinados personagens sociais, além de que os custos de produção de um livro eram elevados, o que, de certa forma, restringia ainda mais o acesso ao mesmo. Diante de tais questões, os livros eram considerados como objetos de manifestação social, os quais, muitas vezes, eram produzidos cravejados de pedras preciosas e folheados a ouro, e muitas vezes apresentando iluminuras. Em geral, os livros manuscritos no Medievo eram produzidos no formato códice, principalmente a partir do começo do século IV. Acompanhado do texto, em escrita formal, eram desenhadas imagens (iluminuras) que muitas vezes eram relacionadas ao conteúdo e tinham como objetivo, além de servirem como decoração ornamental, auxiliar na compreensão da mensagem transmitida no texto. A iluminura e a miniatura eram formas de ornamentação que se faziam presentes também nas margens dos textos e nas letras capitulares. A confecção dos livros era feita no que era conhecido como o scriptorium, local onde eram concentradas todas as etapas de produção livresca que eram feitas por copistas, iluminadores, etc..., e geralmente estavam vinculadas, principalmente até o século XII, às abadias e monastérios, um contexto no qual a escrita da história estava vinculada a estes âmbitos religiosos. Apesar desta associação e desenvolvimento nos espaços religiosos, os livros produzidos não se restringiam a apresentar e reproduzir esta temática, fazendo-se presente nos mesmos diversos temas, como, por exemplo, de autores pagãos, gregos e latinos. A partir do séc. XIII, a relação perante os livros ganhou um aspecto diferenciado, com surgimento das universidades e a demanda em torno do conhecimento, mesmo a educação estando limitada a uma parcela da sociedade. Da mesma forma, a escrita da história passou a estar gradativamente associada à composição laica, contexto no qual surgiram as diversas chancelarias reais. Dessa forma, a produção de livros manuscritos, antes restrita ao scriptorium, passa a ser desenvolvida nos ambientes universitários e em oficinas laicas que funcionavam através do mecenato, levando a uma diversificação temática.

 

Partindo do pressuposto que todas as produções de um período contêm aspectos que delineiam seu ambiente social, estas fontes podem ser abordadas no ensino de história a partir de diversas perspectivas, como, por exemplo, a relação entre a escrita e os aspectos religiosos, assim como a relação entre a história e a política; a própria constituição material destes objetos, com custos elevados para a época, o que restringia o acesso ao mesmo a uma parte pequena da população (implicando em uma baixa difusão da leitura); a questão da evolução da escrita, apresentando e problematizando as modificações das representações escritas no Medievo; a importância dos diversos renascimentos no Medievo, principalmente o Carolíngio e o do século XII, o que serviria para desconstruir a ideia de um único renascimento em termos históricos; a importância da escrita no momento da constituição dos diversos reinos medievais, onde a complexidade política foi acompanhada pela complexidade em termos de produção historiográfica; além da questão do simbolismo do livro manuscrito com sua função de transmissor da verdade, característica adquirida a partir de um simbolismo material bíblico.

SANTOS, Italúzia P. C. Livros manuscritos. In: Projeto de Monitoria Fontes para o Ensino de História Medieval (Universidade de Pernambuco/campus Petrolina). Disponível em: https://fontesmedievais.wixsite.com/fontesdomedievo/livros-manuscritos

 

Referências

 

Livros manuscritos. In: Dicionário da Idade Média (organizado por H. R. Loyn). Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1990.

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